A MÚSICA NO CULTO; CULTO SEM ADORAÇÃO

23-09-2017 15:59

Jaime Bergamim[1]

 

 

Texto: Dn. 3.15

1. Introdução

O texto bíblico que tomamos por base para o nosso artigo, no ensina que a “religião de Nabucodonosor” era caracterizada não somente pela a adoração a imagem por ele levantado, mas também principalmente pelo o exagero de música e dos mais variados instrumentos musicais daquela época, o que levou a multidão a cultuar o deus pagão. Não havia “pregação e nem mensagem” em torno daquele Deus, mas somente sonidos dos instrumentos. Era a musicolatria, ou seja, adoração a música. O valor que dava a música era tão grande que, de certo modo, superava até mesmo a adoração à imagem.

Uma análise do texto, vamos entender que, só havia adoração de houvesse a música. Era valorizado mais a música do que adoração. Era um culto somente externo, emocional com sonido musicais nos ouvidos e nada mais que isso. Tudo sem nenhum conteúdo espiritual para alimentação e regozijo da alma, que continuava vazia, desprovidas das realidades e convicções eternas.

2. A Música na atualidade

Milênios tem se passado, e com muita tristeza e sem nos conformarmos que, com poucas exceções o mesmo espirito que prevalecia naquelas reuniões tem invadido uma parte considerável de nossas igrejas. Em seus cultos de louvor a Deus tem preocupação demasiada com o louvor, que praticamente ocupa quase o tempo todo da reunião em detrimento das oportunidades para testemunhos das benções recebidas do Senhor Jesus. Falta tempo para as manifestações dos dons espirituais e tempo suficiente para a exposição da palavra de Deus, pela qual a fé e gerada nos corações. (Rm 10.17). Tal atitude tem privados os nossos ouvintes do mais importe dos cultos, que é a manifestação sobrenatural de Deus nos nossos cultos. É “a religião de Nabucodonosor”, infiltrada disfarçadamente em nosso meio.

O nosso culto de duas horas ou duas horas e meias, sobra somente trinta ou quarenta minutos para a explanação da palavra ou mensagem a igreja e ainda estamos dizendo que é para ganhar o povo. Não ganha coisa nenhum o povo, assim como álcool na ganha o bêbedo, mas a penas escraviza. É isso que estamos vivendo em nossas igrejas; escravos da música e não servo do evangelho de Cristo.

 

Não há dúvida que o louvor tem grande importância em nossos cultos quando feito na hora e no tempo certo. Porém, quando feito de modo exagerado, prejudica o culto a Deus, e não há adoração genuína porque tudo não passa de meros movimentos emocional e Deus fica de fora do culto quando ele deveria ser o cento da nossa adoração.

 

A pregação se torna um preenchimento formal do tempo com uma palavra sem inspiração. Assim o povo sai da reunião mal alimentados. Eis a razão dos crentes raquíticos e anímico em nossas igrejas tornando presa fácil a Satanás. Ainda, quando a mensagem e pregada muito tempo depois do início do culto onde todos já estão com suas mentes cansadas e fadtiadas do chamado louvor, quando na verdade de louvor não tem nada. Assim, a mensagem não é absorvida pelos ouvintes.

 

3. Quem são os culpados

         Sem a menor sombra de dúvidas “os líderes”. Porque os líderes? Por algumas razões, mas pelo menos duas podemos destacar, e sei que muitos dos meus leitores ficarão estarrecidos e até mesmo não vão concordar; mas concorde ou, essa é a pura realidade.

  1. Não oram e nem meditam na palavra de Deus

           Consequentemente, não receberam a mensagem para transmitir ao povo, e não tem a humildade para passar a oportunidade a outro que tenha algo de Deus para dizer a igreja para sua edificação.

Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? (Mt. 24.45

           O obreiro tem a obrigação de buscar a apalavra de Deus, afim de receber alimento espiritual e transmitir a noiva de Cristo.  Isso é tão importante que o mesmo não veja a hora para pregar porque seu coração está explodindo e fervendo com o poder de Deus, mal esperando o momento que posso passar o que recebeu do Senhor.

O meu coração ferve com palavras boas, falo do que tenho feito no tocante ao Rei. A minha língua é a pena de um destro escritor. (Sl. 45.1)

 Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; 1 (Co. 11,23)

            Quando isso não ocorre, o líder e o grande responsável diante de Deus pelo resultado do culto. Não temos como negar essa realidade, é uma regra que se aplica em todos os seguimentos onde tem a figura do líder. Numa organização quando tudo vai bem “fomos nós que fizemos”; se tudo dá errado “O líder é culpado”. Diante de Deus, você líder é maior responsável pelo fracasso na adoração.

 

           O simples fato de você ser o pastor da igreja, não significa que tem que pregar em todas a reunião; se isso está correndo em seu ministério, tão logo será infartado. Se não tem a mensagem de Deus naquele dia, então não pregue, passe para outro que  está no óleo do Espirito Santo. Muitos líderes já mataram os cultos em suas igrejas por causa desse fator. Enfado o povo com feno e palha e não reconhece que são os únicos culpado, e sem alguém pregar ou ensina com mais unção porque estuda, busca e ora ele gela o mesmo. Prefere ele afundar a igreja do que reconhecer a sua incapacidade.

b. Perderam autoridade espiritual

           Perderam as rédeas do culto. São influenciadas por pessoas e muitas dessas ilustres: alto dízimos, empresários, bancadores de presentes no seu aniversário, e como quer se beneficiar disso e até com receio de perder a posição, deixam e permitem que o culto siga sem o seu objetivo principal, que o de alcançar as almas para Cristo, trazer os desviados, renovação espiritual e batismo com Espirito Santo. Tais líderes acabam sendo dirigidos e não dirigentes do culto ou da igreja.

           Alguns líderes estão no que chamamos de poder, não por chamada divina, mas por meras indicações; são políticos e articuladores que ganham e compram o ministério, mas nunca foram credenciados por Deus por isso “perderam ou nunca tiveram autoridade”.  Eis a razão de muitos campos ministerial em verdadeiro fracasso. Muitas novas portas que se abrem e ainda dizem que são os rebeldes, quando na verdade são os fastiados e enjoados de culto sem raciocínio e sem a presença de Deus que se vai as altas horas no embolo do louvor e da música desprovido de unção e graça. Música sem contudo teológico, tais como esses corinhos que são cantados no início dos cultos e a Harpa Cristã deixada de lado, sem falar nos departamentos musicais tal como os corais de quatro vezes que foram trocados pelos Playback, que ninguém paga mais o preço para ensaiar. São os verdadeiros louvor de laboratórios que muitas vezes músicos não evangélicos tangem seus instrumentos que serão ouvidos nos nossos cultos de adoração a Deus. Minha alma sofre e chora com esse tipo de coisa. Mas que sou eu? Uma fagulha de fogo no meio de uma labareda ou uma gota de água no oceano”

4. Culto se raciocínio e formal

           A palavra raciocínio está ligado a inteligências, logo o nosso culto tem que ser feito com inteligência e não sacrifício de tolo:

Porém Samuel disse: Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros" (I Sm 15:22).

                 A segunda palavra formal vem de “formol”, composto químico usado para conserva corpos humano ou animal para exposição ou nosso de humanos para pesquisa e estudos científicos.

                 Quando estamos louvando a Deus com a música ou quando cantamos, o único objetivo e que esse louvor atinja o coração de Deus. O nosso raciocínio deve estar unicamente levado a Deus como sacrifício vivo. Ao contrário, muitos estão no formalismo religioso; vou a culto para cumprir com as minhas obrigações religiosas, mas na verdade tal pessoa está no formol. Seu culto é apenas formalidade externa, mas Deus está muito longe.

Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. (Mt. 15.8); (...) E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se desviar dos seus maus caminhos, então eu ouvirei do céu, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra. (2 Cr. 7.14).

           Quando Israel caminhava pelo deserto, a tribo de Judá ia na frente das demais – Judá significar louvor (Nr.10.14), os cantores iam na frente, e os músicos atrás.

Os cantores iam adiante, os tocadores de instrumentos atrás; entre eles as donzelas tocando adufes.

Celebrai a Deus nas congregações; ao Senhor, desde a fonte de Israel. (Sl.68.25-26)

 

Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras. Servi ao Senhor com alegria; e entrai diante dele com canto. Sabei que o Senhor é Deus; foi ele que nos fez, e não nós a nós mesmos; somos povo seu e ovelhas do seu pasto. Entrai pelas portas dele com gratidão, e em seus átrios com louvor; louvai-o, e bendizei o seu nome. Porque o Senhor é bom, e eterna a sua misericórdia; e a sua verdade dura de geração em geração. (Sl. 100.1-5)

 

           O louvor deve abrir as portas e não fechar. Se o louvor contemporâneo não serve para adorar a Deus, é uma afronta a ele. Se o louvor não está abrindo portas para a evangelização e o parecer do poder de Deus, devemos rever o que estamos contando em nossos cultos.

           Estamos formando em nossa igreja um contingente de músicos e contares, mas pouco adoradores. Muitas pessoas envolvidas com o louvor na igreja, pensam que seu trabalho é unicamente cantar e trocar: daí a preocupação somente com os ensaios, festividade, apresentações e Etc. sem se preocuparem com a Santidade. Tocam e cantam muito bem, mas adoram muito mal.

           Existe muitos que estão na igreja somente porque gostam de cantar e tocar; o dia que o culto não tiver mais cântico e música, certamente deixarão de serem cristãos. Alguns obreiros dão muita ênfase ao louvor para segurar alguns na igreja, principalmente os jovens; isso é um engano. O que segura uma pessoa na igreja, seja jovem ou não, é a comunhão com Deus, o desejo de adora-lo, de alimentar espiritualmente para que tenha a firmeza na fé e saúde espiritual.  

            Outra situação que tem corrompido a adoração através do louvor, se dá ao fato de não termos censura quanto ao que vai ser cantado, assim temos uma avalanche de música profana recheada de palavras evangélicas. Muitas dessas músicas foram compostas por não crentes visando paixão carnal e lucro, ou foram  até mesmo pagos para compor tais músicas para homens amantes de si mesmo com fins unicamente comercial. Os ritmos é outra coisa que tem se deturbado, como por exemplo: o samba, o rock e agora a o ritmo do momento funk. Pastores e líderes de adolescentes e jovens precisamos levantar a bandeira ensanguentada do calvário e dizer fora com esses ritmos. Muitos líderes dizem que precisamos ganhar os jovens e adolescentes; não ganhamos um dragado dando a ele droga, mas ganhamos sim, dando a eles a mensagem da cruz.

           Estão influenciando essa geração com um espirito mundano disfarçado de cristão. A música deturpada, com volumes acima da média que chega mesmo a prejudicar a saúde auditiva. Conforme especialistas, os ouvidos humanos não suportam mais que 80 decibéis, sem levar em conta o incomodo da vizinhança.

5. Um apelo urgente

           A igreja não pode perder de vista sua missão principal que é levar almas para Cristo. Devemos nos colocar no lugar de uma pessoa descrente que vem a igreja para saciar a sua alma, mas ao contrário encontra o mesmo ritmo entoado nas noitadas da vida. Imagine como será difícil para ele suportar duas horas de puro louvorzão sem nenhuma inspiração sem ouvir uma mensagem que conforte sua alma faminta e sedenta, e quando ouve já está cansado e desistindo de tudo. Ainda nós afirmamos: “como está difícil ganhar almas para Cristo”, responda é; vai ficar ainda mais difícil se não votarmos ao verdadeiro culto. Eis a razão porque da baixa média de crescimento espiritual (almas salvas) em nossas igrejas.

                   Em 1994, foi lançado a campanha de ganharmos 50 milhões de almas até o ano 2000 na chamada década da colheita, Revista da Escola Dominical foi lançada para dar mais ênfase ainda; hoje ano de 2017, o que fizemos? Não somos contra o louvor, somos contra a cantorolia que é diferente de louvor. Louvor faz parte do culto que é um serviço prestado a  Deus e ninguém presta serviço a outro sem qualidade. Que qualidade de louvor estamos prestando a Deus?

Considerações Finais:

                   Não somos contra a música, somos amante da boa música sacra. Sou esposo de maestrina de coral com um ministério maravilhoso, mas fico triste quando vejo um grupo de 50 ou mais pessoas cantando esses hinos embalados pelo playback que se para o playback acaba o hino. Tais hinos mechem com o emocional e podem levar ao delírio que se confundem com espiritualidade mas ao contrário são puras emoções desprovida da presença de Deus.

                   Sei a importância do louvor, mas conheço também o seu poder terapêutico, seus limites e seus benefícios e até onde ele pode adoração e a partir de que momento ele passa ser cansaço mental levando a sonolência por carga de elemento psicológicos que muitas vezes vem misturado com o hino e o incentivo de faça isso ou aquilo enquanto louva.

         Louvor não é espetáculo ou exibicionismo prático onde linda vozes são demonstrada e feia a adoração a vista de Deus.

Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e na sua mão espada de dois gumes, (Sl. 149.6)

 

Louvor e mensagem, Altos louvores e espada precisam andar juntos, ou caímos na falácia da falsa adoração.

Deus abençoe meus queridos amigos e internautas que estarão acessando a esse artigo. Espero que tenho confortado muitos corações ansiosos por um bom louvor. Amem



[1] Jaime Bergamim - Evangelista das Assembleia de Deus Colombo-Pr. Bacharel em Teologia; Mestrado em Psicologia Pastoral; Pedagogo; Pós-Graduado em Gestão de Pessoa; Pós-graduado em Aconselhamento Bíblico; Professor de Teologia IBADEP e outros.