TRATADO DA PROFECIA NOS DIAS MODERNOS

28-11-2021 13:58

TRATADO DA PROFECIA  

 

 

Demonstrando a natureza da substância (Deus), para Espinosa ela é infinita, única, livre, imutável e eterna. É infinita porque nada o pode limitar. É único porque não existe nada fora dele e tudo o que existe, existe em Deus. É livre, pois age segundo a sua própria natureza. (Baruch Espinosa)

 

Um parecer filosófico sobre a profecia

Espinosa propõe uma leitura crítica da Escrituras Sagradas. Unindo o conhecimento histórico do povo hebreu ao conhecimento filológico do hebraico antigo, o filósofo judeu pôde olhar para os textos religiosos de maneira aguda. A crítica permitiu que ele entendesse como os textos sagrados engendraram o contexto de sua sacralização, ou seja, permitiu lê-los como um livro comum.

Espinosa se comporta como quem pretende desmontar uma máquina a partir de dentro, peça por peça. Ele vê todo tipo de delírios acobertados pelo que pretensamente está escrito na bíblia e se propõe – com toda a seriedade com que faz filosofia – a analisá-la. Quase dá para ver ele dizendo aos teólogos: “Vocês estão dizendo isso? Tudo bem, vamos lá ver se isso está realmente escrito dessa forma”.  

Já sabemos, Espinosa nunca menospreza, ele tenta compreender. Em se tratando da religião de seu povo, de sua família, de sua história, não poderia ser diferente. Isso não significa, entretanto, que se possa permitir que se molde – “como pedaço de cera”, ele diz – o que está escrito. Uma leitura crítica deve mostrar até onde a interpretação pode ir e, principalmente, onde ela deve parar.

Todos tipos de conflitos religiosos nascem de leituras divergentes sobre detalhes misteriosos. Assim, a leitura das Escrituras deve começar pela análise das falas mais contraditórias possíveis, aquelas que mais geram controvérsias, a dos Profetas e das Profecias.

 

Profecia ou Revelação é o conhecimento certo de alguma coisa revelado por Deus aos homens. O profeta, por conseguinte, é o que interpreta as coisas que Deus revela para aqueles que dele não podem ter um conhecimento certo e que, por isso, só pela fé as podem partilhar”

– Espinosa, Tratado Teológico Político, I

 

Qual a diferença entre o conhecimento natural e o conhecimento revelado? Ambos são divinos, pois para Espinosa pode-se dizer Deus ou, simplesmente, Natureza. Ou seja, o conhecimento que se segue da luz natural, de nosso intelecto, é divino porque se debruça sobre a Natureza. O filósofo procura conhecer Deus pela razão. Os profetas hebreus, por sua vez, eram intérpretes de um conhecimento revelado e, portanto, distinto do conhecimento natural.

Ambos os conhecimentos buscam compreender Deus, então a diferença entre eles não é o objeto que apreendem, mas a causa que os move.

A causa do conhecimento natural é a Razão, na sua capacidade de encontrar medidas, noções comuns entre os diversos modos de expressão da Natureza. Por outro lado, a revelação é um tipo de conhecimento cuja causa é parcial, confusa, é uma imagem que precisa ser decifrada, interpretada. Assim, podemos dizer que o conhecimento revelado parte da Imaginação.

A Profecia é um tipo imaginativo de conhecimento, isto é, um tipo de conhecimento “por ouvir dizer”. O Profeta ouve a voz de Deus e precisa interpretá-la. Ele nunca sabe a causa do que percebe, apenas percebe e precisa dar conta disso.

Espinosa não se preocupa em dizer que essa percepção é falsa, esse não é o ponto. Ao contrário, ele parte do princípio de que os Profetas não mentiam ao dizer que ouviam a voz de Deus.

Para profetizar, não é necessário um pensamento mais perfeito, mas uma imaginação mais viva”

– Espinosa, Tratado Teológico-Político, I, 20

Assim, o que distingue os Profetas dos outros homens não é a sabedoria, não é um conhecimento da natureza divina, mas uma capacidade de viva imaginação dos propósitos Deus para quem o fala. Os Profetas não são sábios, mas também não são homens comuns. São homens que têm uma força enorme de tomar a imaginação divina como realidade, que tem uma grande confiança para agir segundo imagens (mensagem) que recebem.

As Profecias são imagens que na mente do Profeta são tão fortes que o incitam a ter fé a ponto de interpretá-las como palavra revelada por Deus.

Os Profetas não eram dotados de um pensamento mais perfeito, mas do poder de imaginar com mais vivacidade, e os relatos da Escritura provam-no abundantemente”.

Espinosa, Tratado Teológico-Político, II, 1

 

Os Profetas são homens de Fé, que agem segundo certezas morais. É por isso que há tantos maus profetas. Moisés já falava (Deuteronômio, 13) dos falsos profetas. Espinosa nunca questiona a boa intenção dos Profetas bíblicos. Ao contrário, ele acredita que eles entraram para a história do povo hebreu por terem sido grandes líderes com senso de bondade e justiça. Sabemos que Espinosa não poderia ter dito o contrário, sua vida estava em risco por muito menos. Mesmo assim, o que de fato interessa, é que Espinosa circunscreve a validade do conhecimento profético. Por mais bem-intencionado que seja, ele não garante verdadeiro conhecimento e por isso não deveria ser ovacionado[1].

 

Insisto porque acredito ser esse ponto de suma importância; disso, efetivamente, concluirei que a Profecia jamais aumentou a ciência dos Profetas, mas os deixou em suas opiniões preconcebidas, e que, por conseguinte, não estamos obrigados a dar-lhes fé no que se refere a coisas puramente especulativas”

– Espinosa, Tratado Teológico-Político, II, 12

 

 

A questão é que os Profetas extrapolam o seu campo de conhecimento quando nos enchem de conselhos e regras universais que nada nos tocam.

         Até aqui fiz um ensaio filosófico sobre o que a profecia é e o que ela pode representa no pensamento filosófico de Baruch Espinosa; a partir de então faremos uma análise da aplicação profética das profecias na atualidade.

QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DAS PROFECIAS NA IGREJA

  1. O primeiro objetivo da profecia deve ser edificar.
  2. Segundo objetivo da profecia é exortar
  3. Terceiro objetivo da profecia é consolar

 

Em nenhum momento de nosso ministério menosprezei a profecia, mas sempre analisei a vida do profeta, forma como entrega a profecias, resultado das profecias, seus benefícios e malefícios na igreja. As profecias são mensagens de Deus para os nossos corações. Contudo precisamos entender o seu objetivo antes de aceitar o que ouvimos. Por isso, o apóstolo Paulo orienta que devemos julgar as profecias (I Coríntios 14.29). O próprio Senhor Jesus advertiu que “guardai-vos dos falsos profetas” (Mateus 7.15). Então devemos pedir a Deus o discernimento para que “não deis crédito a qualquer espírito, antes provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo a fora” (I João 4.1).

O profeta representa a voz de Deus falando com o homem. Precisa ter cuidado de falar somente o que Deus mandou e da forma que Deus disse (Jeremias 23.28). Quando a profecia vem de Deus mesmo, produz paz no coração de quem recebe “porque Deus não é Deus de confusão e sim de paz” (I Coríntios 14.33).

O primeiro objetivo da profecia deve ser edificar.

Quando o profeta Isaías disse ao rei Ezequias para colocar sua casa em ordem porque morreria, Ezequias foi edificado por aquela profecia e Deus lhe deu uma segunda chance (Isaías 38.1-8).

Quando você ouve uma palavra profética para sua vida, sente-se fortalecido e abençoado. A mensagem de Deus sempre promove edificação para quem ouve, porque “a manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” (I Coríntios 12.7). Já as palavras de homens muitas vezes desmotivam e até destroem os sonhos da pessoa. Ser edificado significa que foi acrescentado algo em sua vida. O contrário é quando você fica confuso, com dúvida, medo ou desanimado.

A profecia que você recebeu te edificou? Se for de Deus você é edificado, se não te edificou, repreenda o profeta para que ele não tome corpo em sua igreja e continue a estragar os menos esclarecidos na fé.

Segundo objetivo da profecia é exortar

Um exemplo de profecia que exorta foi o profeta Natã quando admoestou o rei Davi por seu pecado para que se arrependesse (II Samuel 12.1-15).

Deus tem toda autoridade de nos chamar atenção e o profeta quando usado por Deus, verdadeiramente, faz estremecer aquele que ouve porque sabe que está com a razão. Para ministrar uma exortação, o profeta deve ter autoridade de Deus, se não a pessoa fica apenas revoltada e não aceita ser corrigida. A exortação por mais severa que seja, deve ser feita em amor, “pois o Senhor corrige ao que ama” (Hebreus 12.6). A maioria dos profetas da Bíblia tem um perfil exortativo em suas profecias chegando até mesmo a denunciar os pecados no meio do povo.

Terceiro objetivo da profecia é consolar

Ananias foi enviado por Deus para entregar uma palavra de consolo para Saulo após seu encontro com Jesus, pois precisava de apoio e orientação para sua nova vida (Atos 9.10-17).

A mensagem que vem de Deus traz conforto para quem recebe. Saber que Deus está falando conosco já é motivo de tranquilidade. Muitas pessoas precisam de uma palavra de esperança e esperam uma resposta de Deus, “porque todos podereis profetizar, um após outros, para todos aprenderem e serem consolados” (I Coríntios 14.31). Através de uma profecia recebemos a resposta de nossas orações. O Espírito Santo é o consolador, por isso usa pessoas espirituais para enviar palavras de conforto quando precisamos (João 14.26).

Oque fugir dessas três regras básicas da profecia, é balelas proféticas que não leva a igreja a lugar nenhum, e o pior quando traz estrago para a igreja.

Vivemos em um mundo de pessoas que se intitulam profeta; mundo evangélico movido por status social, e quando ela não atingi os seus objetivo morais religioso, então, passar a agir com o autor ser, ou seja: se auto dominando isso ou aquilo.

Não estamos nesse artigo tolindo os profetas, mas sim tentando diferencias os verdadeiros dos enganadores para que a igreja não caia em confusão e divisão entre pessoas que congregam debaixo do mesmo teto.

No ministério cristão, tenho acompanhado o desenrolar das profecias na história no tempo que vivo, mas nunca vi um tempo de tanta banalização profética como temos hoje, e pior que, quase sempre são profecias de auto ajuda ou promessas que nunca se cumpri, ou quando pior faz as pessoas tomar rumo pela suposta palavra profética e a cambam se arrebentado e desviado da igreja.

PRINCIPIOS ÉTICOS QUE REGE A ENTREGA DA PROFECIA

Os profetas ao entrega suas mensagens, não escolhiam posição ou lugar especifico para tal, a menos que Deus o enviasse para tal lugar como no caso de Jeremias ir a casa do oleiro e Ezequiel ao vale de Ossos Secos. Os oráculos de Deus, deve ser entregue para que toda congregação seja edificada e não venha gerar dúvida sobre o que está sendo entregue.

Os profetas de Deus agiam em tempo de crise e não em oportunidades qualquer e nem todos os dias ou culto; Deus não tem profecias todos os dias para uma mesma igreja, Deus tem mensagens todos os dias e para isso ele tem os seus ministros que atuam no púlpito da igreja como porta voz da mensagem.

Quando o homem de Deus está transmitindo a mensagem da palavra de Deus, por si só ela já é uma profecia para a igreja e dispensa complementos que muitas vezes são entregues em corredores da congregação. O espirito Santo não tem duas bocas que falam: uma que fala do púlpito e outra que fala no corredor da igreja.

Creio sim que Deus fala quando o estamos pregando e o Espirito Santo pode levantar alguém em mistério e entregar uma profecia; eu mesmo sou testemunha disso. Mas Deus falou para que toda igreja ouvisse do mistério que ele tinha para comigo. Espirito Santo não escolhe faixa etária para usar o profeta; o profeta não escolhe o seu público alvo.

Quando vermos profecias sendo entregue somente para jovens ou adolescente, cuidado, comece a observar o profeta e suas intenções até onde ele quer chegar. Vivemos num mundo de tanto engano que até mesmo para fazermos aconselhamento pastoram precisamos ter muito cuidado.

Se o profeta está usando de esperteza dizendo que está dando palavra de consolo, nós ministros precisamos rever nosso conceito de púlpito, se nossas mensagens precisam de complementos nos corredores da igreja, logo, estamos a falar no vácuo. Não estamos inibindo ninguém a dar conselho ou trazer palavras de consolo, mas desde que essa respeite a ordem do culto e as atividades que se exerce nas dependências da igreja.

         O Espirito Santos não é desordeiro que tira as pessoas de seus compromissos em determinados horários tais como: ensaios, reuniões e assuntos semelhantes para usar seu suposto vaso. Se isso acontece em nosso meio não passa de mero movimentos que causam divisões dissenções no ambiente de promovendo a anarquia[2] e gerando confusão que entristece muitos e machuca outros.

         A mensagem da cruz é a mensagem que sara as feridas, as profecias é o complemento dela que edifica, exorta e consola.

         Em todo o meu ministério, tem acompanhado casos de profecias que acabaram com casamentos e gerou casamento de senhora com jovem com um futuro promissor levando a nada na vida. Uma outra situação quando um amigo colega nosso funcionaria da PRF, deixou seu emprego devido uma suposta profecia que faria dele um pastor e, seu fim foi morar em uma favela no Rio de Janeiro.

         O estrago que os falso profetas tem causados nas igrejas são irreparáveis e não podemos ficar a mercês disso, temos que agir rápido para que os danos não sejam grandes se agirmos rápido.

         Cantares de Salomão diz:

"Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor." (Ct. 2:15

Essas raposinhas, são os pequenos problemas que surgem em nossos meios, e não resolvidos a tempo.

As raposas grandes subiam pelos muros da vinha e o guarda via, mas as raposinhas vinham por baixo e quase passavam por desapercebido e quando eram flagradas já tinham destruído muitos pés de vinhedos e grande era o prejuízo para seu dono.

A obra do Senhor é uma vinha em flor desejada pelas raposas do ministério, quanto mais a igreja cresce mais cresce os falsos profetas as raposas atuais que destrói a vinha do mestre matando vidas e famílias.

As raposinhas são animais astutos (esperto), elas conseguem enganar os cães urinando para confundir o olfato deles, com isso eles se atrapalham e perdem o rastro.

Quantos obreiro perderam o olfato espiritual para viver de cheiro de urina de raposas e perderam o rumo de seu chamado. Essas urinas são as falsas profecias com aparência de verdade que nos enganam. As vezes até nos emocionamos enquanto o Espirito Santo nos observa e nos reprova.

Está havendo uma mistura entre o que é Santo e o que é profano. Oseias fala disso em suas profecias para a tibo de Efraim

 “Efraim com os povos se mistura; Efraim é um bolo que não foi virado”. (Os. 7:8)

Duas coisas se destaca nesse texto misturar com os povos e bolo não virado. Porque essas coisas acontecem em nossos meios? Porque o povo anda se misturando com o mundo e a santidade saiu da igreja e nós ministros perdemos a visão. Uma mistura de santidade com emoções e lagrimas falsas tomam conta de nosso ambiente de culto.

Todas as vezes que Israel se misturou com os povos de sua época se corromperam perdendo a visão espiritual, grande foi a derrota.

A segunda parte: “bolo não virado” é a mais perigosa. O bolo só assa de um lado se o cozinheiro não vira a forma. A forma da doutrina de vez enquanto precisa ser virada para que o atinja o coração do povo dos dois lados.

Estamos cansados de mensagens mamão com açúcar no adágio popular; mensagem fracas que massageia o ego, mas não atingi coração das pessoas criando um corpo misto de crentes fracos vulneráveis aos ventos proféticos falsos que surgem no ambiente do culto. Esses ventos têm levados e arrastados muitos para o mundo por que o bolo não foi virado durante o processo de assadura.

A culpa do bolo não assar dos dois lados não é do forno (púlpito), mas de quem trabalha na padaria (igreja). Os cultos de ensinos sumiram de nossas igrejas e quem quer doutrinar, ou seja, o mais correto ensinar, são privados por respeitar uma hierarquia que está falhando, ou está muito pouco preocupado com o que acontece.

O bolo vai continuar cru e causando feridas purulentas e tumores que precisaram ser vazados com maiores dores.

 Deus pede que Seus filhos vivam uma vida santa e equilibrada. Deus quer que sejamos equilibrados no trabalho, na alimentação, nos relacionamentos, no estudo da Bíblia, na vida de oração, nas recreações, no namoro, etc… Deus deseja que não sejamos, nem fanáticos e nem frouxos, nem exigentes e nem negligentes. Alguns são tão zelosos quanto a santificação do sábado, mas tão negligentes quanto a outra parte do mandamento: “Seis dias trabalharás. ” Alguns portam-se tão bem na igreja, mas durante a semana dão um péssimo testemunho. Alguns passam uma imagem positiva de um casamento perfeito, mas fazem coisas terríveis longe dos olhos de todos, até agridem membros da família. Alguns são tão exigentes quando a alimentação e tão negligentes quando ficar devendo dinheiro para os outros, etc…

Assim, são os falsos profetas que passam uma imagem de santidade, um estereótipo[3] cristão e arrastam muitos nas barras de suas orlas de cristão e conduzindo e influenciando ao engano. Geralmente os falsos profetas se tornam fluentes porque falam o que o povo gosta de ouvir e não que Deus quer falar.

Devemos buscar a Deus para que ele tenha misericórdia do seu povo e nos livres dos males das falsas profecias, ou de homens e mulheres que se intitulam como tal.

O diabo não dorme e nem tira férias, usa todos os meios para enganar no ambiente do culto e fora dele influenciando e enganando com aparência de verdade, mas são doutrinas de demônios disfarçados que entra como as raposas em nosso meio.

Não são santos que nos conduzirão ao arrependimento, não são pessoas mortas que mesmo depois de mortas seus nomes são usados por demônios para realizar falsos milagres que impressionam.

Rasgando o coração

Precisamos rasgar nosso coração. Enxergar a nossa miséria espiritual e pedirmos a Deus em Cristo que nos conduza a uma vida de santidade.

Estamos no vale da decisão, ou decidimos obedecer a Palavra de Deus, ou iremos gradativamente experimentando o peso do julgamento divino sem nos despertar. O Espírito Santo está aqui para nos ensinar como me arrepender, mas não queremos deixá-lo entrar, pois as mudanças terão que surgir.

Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os meninos, e as crianças de peito; saia o noivo da sua recamara, e a noiva do seu tálamo.

Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa o teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que diriam entre os povos: Onde está o seu Deus?” (Jl2:16-17)

Por que as falsas profecias acontecem no ambiente do culto? Talvez não seja tão fácil assim para se explicar, mas não tão difícil de ser esclarecida. A causa é muitos simples quando olhamos para Joel 16.17.

Joel conclama o povo a santificação, a congregar e ajuntar o povo; no versículo seguinte, Joel pede para os Sacerdotes e ministros do Senhor clamar entre o alpendre e o altar.

As situações dos homens de Deus eram tão caóticas, que eles não deveriam nem clamar do altar, mas entre o alpendre e o altar. Entre o pórtico em algumas versões e o altar, havia uma espécie de sala de espera. Nesse sentido, Joel estava dizendo clame fora do lugar santo e arrependam-se.

Os profetas de nosso tempo, não são diferentes dos antigos tempos que subornavam o povo

Joel, profetizou há mais ou menos 2.500 anos, é impressionante como a sua mensagem continua atual, em certos aspectos. Se por um milagre divino, esse profeta fosse transposto para a nossa época, com certeza absoluta ele proferia essas mesmas palavras, com pequenas variações que em nada afetariam a essência da denúncia. "Profetas" seriam substituídos por "pregadores" e "sacerdotes" sejam substituídos por pastores.



Os profetas _pregadores, profetizam falsamente

Os programas de televisão, as igrejas, os megaeventos evangelísticos, estão repletos de pregadores dessa espécie, homens que não tem o mínimo escrúpulo de contar mentiras aos seus ouvintes. Em outros casos, é impossível que sintam tal repreensão da consciência, pois suas mentes estão tão cauterizadas que acabam acreditando piamente que suas palavras têm origem divina. Eles dizem "paz, paz", quando não há paz. De suas bocas fluem apenas palavras agradáveis, que afagam o ego de pecadores contumazes, intensificando-lhes a ilusão de que estão sob o favor divino.

Onde acharemos os verdadeiros profetas? Nos mega-eventos das Igrejas Evangélicas Brasileiras? Não, Não e Não! Os pregadores convidados para esses eventos raramente estão compromissados com a verdade!

Os sacerdotes (ministros) dominam por intermédio deles.

Verifica-se aqui um verdadeiro conluio para lesar o povo ignorante. A tradução literal dessa passagem poderia ser "dominam de acordo com as suas mãos". O homem sábio aceita o testemunho de Deus sobre a inclinação humana ao pecado. Ele julga a si próprio pela Palavra de Deus e não pelas palavras bajuladoras daqueles que o rodeia. Ministros carnais, pelo contrário, rendessem às palavras açucaradas daqueles que se julgam oráculos de Deus, os quais nada mais desejam do que angariarem favores através de suas palavras lisonjeadoras. O líder caído então vislumbra a possibilidade de usar a influência do profeta para legitimar sua fraude, o seu embuste. O ímpio rei Acabe e outros reis de Israel astutamente cercaram-se desse tipo de gente.

É muito mais fácil conduzir o povo quando as ordens se revestem de uma pretensa autoridade divina, quando o profeta procura autenticar todos os atos do ministro como se fossem os atos do ungido de Deus, inerrante, intocável, infalível. O artifício tem resultados mais satisfatórios quando maldições aterrorizantes são pronunciadas contra aqueles que desobedecerem, ou quando bênçãos maravilhosas são prometidas aqueles que alegremente obedecerem ao ministro.

E o meu povo assim o deseja

Tudo isso seria menos trágico se notássemos que as massas se submetessem a esse estado de coisas contra a sua vontade. Ah! Se fosse assim...Mas como a realidade é assustadoramente diversa! O povo ama a alienação, se delicia com as palavras do ungido e com o "rolo que é desenrolado" pelo profeta, com o "manto de mistério". O ópio alucinógeno da religião que transporta as pessoas ao mundo da fantasia é muito mais desejável do que a realidade nua e crua; a realidade de nossas imperfeições, de nossos dramas e problemas.

A realidade é um balde de água fria na festa dos adoradores de Baal. É isso que o povo deseja: falsas promessas, bajulações, promessas de vitória sobre todas as circunstâncias, triunfo sobre todos os males do mundo, gritos de euforia. É disso que o povo gosta: pão e circo.

Considerações Finais

         Como ministro do corpo de Cristo, tenho minhas imperfeições como qualquer outro homem tem, vivo as margens das imperfeições e sujeito aos mesmo escândalos, mas cabe a mim policiar as minhas emoções e minha atitudes como representante do povo e muitas vezes chamado de pastor pela posição eclesiástica que ocupamos. Temos o dever de instruir, ensinar e muitas vezes até se for necessário repreender, não para machucar ou ferir mas para curar a feridas que vão pulular[4] infecções   o povo.

         Não podemos dormir no púlpito de nossas igrejas, enquanto o adversário poderá estar trabalhando em nosso ambiente de culto. Chegou o tempo de apanhamos as raposas e as raposinhas, que estão a entrar na vinha do mestre.

         Deus está em busca de ministros compromissados com a sua igreja e não meros ambulantes das palavras que mercadejam a mensagem da cruz, mas não vivem o que eles mesmos ensinam “O amor”.

         Que Deus nos guarde, nos ajude, nos de força, para que possamos defender a verdadeira mensagem da cruz, a verdadeira profecia que deve emanar dos púlpitos de nossas igrejas pelo anjo da mesma e seus ministros e não por paroleiros interesseiros em busca de posição e destaque no centro do ambiente de culto, matando vidas porque suas profecias têm preferencias por pessoas que lhe agradam.

         Precisamos estar atentos antes que seja tarde demais, enquanto o sol da justiça ainda brilha em nosso meio, antem do seu entardecer e chegue a noite dos problemas que nos deixe entibecida[5] e não demos por conta.

Sejamos sóbrios.

Curitiba-Colombo-Pr 25112021

Jaime Bergamim

Bacharel em Teologia

Pedagogo, Pós-graduado em Gestão de pessoas, Pós-graduado em aconselhamento Bíblico, Pós-graduado em psicologia de Família e Educação, Mestrado em Psicologia Pastoral e Doutorando em Teologia, Professor de Teologia e Escola Bíblica Dominical.

 

        

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Que se conseguiu ovacionar; que foi aclamado publicamente; que foi aplaudido com entusiasmo

[2] Que tende a negar qualquer tipo de autoridade. Condição de um povo que deixou de possuir governo. Que se caracteriza pela ausência de organização, controle ou liderança

[3] ... é usado principalmente para definir e limitar pessoas quanto a aparência (cor da pele, tipo de vestimentas, uso de acessórios, etc.), naturalidade (região ou país de origem) e comportamento (religião, cultura, crença, nível de educação, etc.).

[4] Brotar; lançar renovos; nascer; romper. 2. [figurado] multiplicar-se rapidamente e com abundância.

[5] Afrouxada